quarta-feira, 4 de abril de 2012

A força alimentada pela vontade de viver






























A obra de Frida Kahlo é dotada de uma força especial. Seguramente, o fato da artista ter se acidentado na juventude, (ela possuía apenas 18 anos), foi determinante para o surgimento dessa força. Em meio ao sofrimento físico e espiritual, suas obras refletem todas as emoções de sua alma inquieta. 

O acidente ocorrido em 17 de set. de 1925, se deu quando o ônibus em que ela estava se chocou com um bonde. Ela o registra da seguinte forma "não foi violento, mas surdo, lento, ferindo todo mundo. Sobretudo a mim [...] O choque nos jogou para frente e o corrimão me transpassou como a espada transpassa o touro. [...] Perdi minha virgindade, meu rim amoleceu, não podia mais urinar, porém, o que mais me incomodava era a coluna vertebral."

Frida ficou literalmente em pedaços. As fraturas da coluna vertebral e da bacia, a perfuração do abdômen e da vagina, e as 11 fraturas da perna direita, fizeram os médicos pensar que ela morreria na mesa de operações ou das sequelas. Ao sobreviver, ela deixou claro que sua capacidade de resistência à dor fora do normal,  esteve alimentada por uma vontade de viver excepcional. 

Um mês depois, ao sair do hospital, seus pais providenciam uma cama com dossel (com um espelhinho pendurado), mandam fabricar um cavalete e lhe dão de presente uma caixa de tinta. Não podendo continuar com os estudos, ela permanece reclusa com o espelho, que capta a si mesma e lhe proporciona uma única aprendizagem: a de seu próprio ser. 

Em seu período de convalescênça, surgiram confrontos com sua própria identidade, através de questionamentos que tocavam a própria essência da arte: ilusão, desdobramentos e relações com a morte. Muito mais que autobiográfico, os retratos captam imagens do seu interior, e revelam uma mulher que se lançou em uma busca existencial, e em uma busca estética. 

Com apenas 20 anos, e uma sede enorme de viver para compensar os meses de imobilidade, Frida mergulha na luta comunista, e adota um ideal revolucionário que lhe proporciona uma nova consciência de sua própria feminilidade. Toma como referencial de mulher livre de corpo e espírito a fotógrafa-repórter italiana Tina Modotti, e é em sua casa que Frida encontra-se com o seu grande amor e obsessão, Diego Rivera. 


O casamento com pintor que possuía o dobro de sua idade, mais de 1,80 de altura e quase 150 quilos, foi apontado com grande amargura por sua família que o descreveu como: "A união de um elefante como uma pomba". [Frida e Diego Rivera]. Mais de dez anos após o acidente, ela pinta o seu quadro mais surrealista: O que a água me deu

A contradição está em: o que parece um sonho, ou um devaneio nessa obra é a sua mais pura realidade. Nua, crua, profunda e selvagem. Como vocês podem ver na figura abaixo, todos os elementos de sua vida surgem imersos entre suas pernas, em uma cosmogonia aquática. Diante do fundo branco da banheira, os pés de Frida, com as unhas pintadas de vermelho e duplicados pelo espelho da água, tornam mais chocante a deformação e a cicatriz aberta de seu pé direito. 

Abaixo e à esquerda, o vestido Tehuana que representa sua nacionalidade e sua feminilidade flutua ao lado de sua própria imagem estrangulada. A corda que a sufoca, se liga ao punho de um jovem que evoca o Cristo, (recostado sobre um vulcão que emerge um fálico Empire State Building). Desse universo marinho, entre cipós e plantas de água, surgem em trajes de casamento as figuras tranquilas de seus pais. A trágica experiencia do aborto e suas aventuras sexuais também estão presentes na tela.


quinta-feira, 8 de março de 2012

As mais poderosas e as mais maltratadas






















Nós, mulheres sul-americanas, somos um paradoxo. Conseguimos os maiores níveis de participação política no mundo: como presidenta, primeira ministra, etc., mas, simultaneamente, somos as mais maltratadas e violentadas, temos o maior índice de gravidez na adolescência e a maior taxa de assassinato por gênero. Como isso é possível?  

E olha que a contradição não para por aí, logo que, a marca da desigualdade social vem de mãos atadas com o êxito econômico, isso tudo em plena crise mundial. De acordo com o jornal El País, 40% da população latino-americana está sendo governada por mulheres: Dilma Rousseff no Brasil, Cristina Fernánez na Argentina e Laura Chinchilla na Costa Rica. Não há dúvida de que estamos conquistando espaço no cenário econômico, intelectual e político, afinal, 53% dos estudantes universitários são mulheres, mas, será que toda essa conquista vem aliada a uma real liberdade e igualdade entre as partes?

Acredito que a pressão social que sofremos é tão forte que, mesmo tendo poder, não desfrutamos de um nível social de igualdade. E isso se deve a estrutura conservadora de nossas famílias e ao "papel" que devemos cumprir dentro delas. Por essa razão, o primeiro passo que devemos seguir é o da valorização. Afinal, se não nos damos valor, como outras pessoas poderão fazê-lo? 

Perseguir o caminho da ética, da educação, e do desenvolvimento intelectual nos fazem mas poderosas, mais seguras e mais preparadas. Na minha opinião, a liberdade, e uma igualdade real, só serão alcançadas quando todos enxergarem que não há distinção entre os sexos, somos todos, homens e mulheres, do gênero humano. 

O que vocês acham? Como poderemos ser livres, iguais e devidamente valorizadas? 

quarta-feira, 7 de março de 2012

A impressão profunda e duradoura

A genialidade de Albert Einstein como cientista é unanime. Conhecido mundialmente por formular a Teoria da Relatividade, Einstein possuiu um lado 'social' que, talvez, muitos desconheçam: foi um defensor dos direitos civis, pacifista, e até proclamador de idéias socialistas. 

Chegou a ser investigado pelo FBI sob a acusação de pertencer ao Partido Comunista, e foi tido como "inadmissível para os EUA" por aconselhar e ensinar uma doutrina anarquista. Está claro que ele não foi um homem como os outros, e dentro de sua personalidade fascinante, existe um lado que me cativa muito e que eu dividirei com vocês. 

No verão de 1930, ele escreve um texto cujo nome é: No que acredito. Nesse manifesto pela alegria, o cientista deixa transparecer que a magnitude da vida está naquilo que nossa mente não consegue captar. Em coisas que nos atingem indiretamente, devido à uma beleza arrebatadora e à uma magia deliciosa. 

"A emoção mais bela que podemos experimentar é o sentimento do mistério. É a emoção fundamental que está no berço de toda a verdadeira arte e ciência. Aquele que desconhece essa emoção, aquele que não consegue mais se maravilhar; ficar arrebatado pela admiração, é como se estivesse morto; é uma vela que foi apagada. Sentir que por trás de qualquer coisa que possa ser experimentada há algo que nossa mente não consegue captar; algo cuja beleza e solenidade nos atinge apenas indiretamente: essa é a religiosidade. Nesse sentido, e apenas nesse sentido, sou devotamente religioso".

A lição que eu tiro ao reflexionar em suas palavras é que: o importante na vida é acreditar em algo, nos deixar encantar pelos mistérios, pelo desconhecido, por aquilo que nos incita. A impressão profunda e duradoura que tive é que admirar-se e maravilhar-se ao apreciar algo, são essenciais para que a vela esteja sempre acesa. 

Gostaria de saber a interpretação de vocês com relação a esse post. Se quiser deixar um comentário eu irei amar! Fique completamente à vontade para expressar sua opinião, como e quando for desejado. 

terça-feira, 6 de março de 2012

Material X Imaterial: com qual você fica?

























A cada amanhecer eu penso: O que será de mim, e da minha vida hoje? Como devo proceder? Como devo amar, perdoar e ser humana? O que é mais importante: as coisas ou as pessoas?
Claro que, racionalmente, dizemos: as pessoas... Mas será que vivemos com essa prioridade? Prioridade esta de: amar ao outro antes de amar o que temos. 
Vida mesquinha e vazia, em que tudo se resume ao material: que estraga, se deteriora, que acaba. Será que um dia aprenderemos a valorizar o imaterial? Um beijo, um olhar, um sorriso... Que valem muito mais que um carro, ou uma casa. Devemos levar em conta que o sentimento de realização que buscamos incessantemente só é real quando nos sentimos amados. 
E qual o verdadeiro amor? O que nunca acaba e nunca muda. É o amor de Deus, que nos aceita e não nos julga como esse mundo cruel. Mas onde está o amor de Deus, senão no amor entre os seres humanos? Como é possível manifestar o amor verdadeiro? Eu acredito que somente através do sacrifício. Se você ama alguém, respeite essa pessoa, sirva essa pessoa, faça para ela o que você gostaria que ela fizesse para você. Parece simples, não?! Mas, quando nos vemos cara a cara com nosso próprio ego, nos enfraquecemos diante de nós mesmos. A prática do amor dói, nos prova, nos faz pagar o preço. Mas a recompensa de ser amado vale infinitas vezes mais. Por essa razão, procure praticar o amor com obras, e não apenas com palavras.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Esta Suíça é um cemitério de sensações...


Seguindo um pouco a linha de postagem de ontem, resolvi postar outra carta de Clarice. Desta vez não se trata de uma carta formal, (dedicada ao presidente da república), mas sim, uma carta dedicada à suas irmãs. A carta foi escrita em 1946, (período em que a escritora morava em Berna - Suíça), e traz uma rica descrição sobre a percepção de Clarice com relação ao estilo de vida neste país. 

Berna, 5 de maio de 1946 - 4 horas, domingo. 

Minhas queridas:

É uma pena eu não ter paciência de gostar de uma vida tão tranquila como a de Berna. É uma fazenda. No domingo, como hoje, passou um grupo do Exército de Salvação, homens e mulheres cantando em coro, com voz bem calma e afinada, sem vergonha. Às vezes se veem camponesas, de alguma cidadezinha perto, vestidas com os trajes regionais, o rosto vermelho, honesto, com os olhos azuis - os olhos são tão honestos que nem parecem observar. E os camponeses com roupa de ombros estreitos, nariz corado. E o silêncio que faz em Berna - parece que todas as casas estão vazias, sem contar que as ruas são calmas. Dá vontade de ser uma vaca leiteira e comer durante uma tarde inteira até vir a noite um fiapo de capim. O fato é que não se é a tal vaca, e fica-se olhando para longe como se pudesse vir o navio que salva os náufragos. Será que a gente não tem mais força de suportar a paz? Em Berna ninguém parece precisar um do outro, isso é evidente. Todos são laboriosos. É engraçado que pensando bem não um verdadeiro lugar para se viver. Tudo é terra dos outros, onde os outros estão contentes. É tão esquisito estar em Berna e é tão chato esse domingo... Prece com domingo em S. Cristóvão. Mas a prática termina ensinando que jamais se deve no domingo ir de tarde no cinema, deve-se sempre ir de noite, porque se fica esperando pela noite... É o caso de hoje, embora não haja filme direito pra ver. Hoje depois do almoço fomos ver os ursos de Berna. Os ursos são o símbolo da cidade; quando se ia fundar a cidade encontrou-se um urso; isso foi considerado como bom augurio e ali mesmo fundou-se Berna, onde é agora Bärengraben, caverna dos ursos. É por um caminho muito bonito, ladeando o rio, que é mai sou menos raso, muito caudaloso e brilhante. Dá-se comida aos ursos e para eles ganharem comida eles procuram fazer gracinhas - gracinhas de urso... É muito bonito. Mas num domingo... Parece que num domingo a gente deve fazer coisas grandiosas. Por exemplo, eu ia passar um domingo com vocês. Esta carta é bestinha, é carta de domingo, soa a "ajantarado" e  a folga de empregada... e a mosca voando... Na verdade quando eu escrevo carta eu estou com um anzol compridíssimo cuja isca bate no Rio de Janeiro para pescar resposta. É um jogo sujo, esse de mandar qualquer carta para receber RESPOSTA. O pior é que vocês, com falta de tempo, reúnem dez cartas minhas e respondem em uma. 
Estou me lembrando de Marcinha: fui levá-la ao cinema Rex e comecei a errar caminho que não foi vida, de vez em quando eu via que estava entrando por um beco errado. A Márcia suportou tudo calada. E eu calada também, envergonhada. De repente Marcinha disse: titia, eu acho que você está bobeando...
Dando assim notícias de Marcinha, que é a flor mais preciosa do mundo, eu encerro a missiva de domingo e vou por a carta no correio, se estiver aberto, para pegar o avião de amanhã. Neste mesmo avião seguem uma carta para S. Clemente e outra para Silveira Martins, escritas ontem; botei ontem a data de hoje porque sabia que só iriam amanhã. Me abracem, queridas, sejam felizes sempre.


CLARICE

domingo, 4 de março de 2012

Senhor Presidente Getúlio Vargas


Clarice Lispector foi uma mulher à frente de seu tempo. Corajosa e dona de si. Colocava no papel sensações e sentimentos, questionamentos íntimos e sinceros. Com seu estilo singular, ela imprimiu personalidade e vida em seus livros, que parecem uma extensão de si. Apesar de nascida na Ucrânia, ela é considerada por muitos (me incluo nessa classe) como a maior escritora brasileira de todos os tempos. O que muitos desconhecem é que Clarice enfrentou um penoso caminho para sua naturalização. Por essa razão decidi publicar a carta (retirada do livro Correspondências-editora Rocco), que a jovem escritora (na época ela tinha 21 anos), escreveu para o então presidente Getúlio Vargas. 

Rio de Janeiro, 3 de junho de 1942.

Senhor Presidente Getúlio Vargas:

        Quem lhe escreve é uma jornalista, ex-redatora da Agência Nacional (Departamento de Imprensa e Propaganda), atualmente n´A Noite, acadêmica da Faculdade Nacional de Direito e, casualmente, russa também. 
       Uma Russa de 21 anos de idade e que está no Brasil há 21 anos menos alguns meses. Que não conhece uma só palavra de russo mas que pensa, fala, escreve e age em português, fazendo disso sua profissão e nisso pousando todos os projetos do seu futuro, próximo ou longínquo. Que não tem pai nem mãe - o primeiro, assim como as irmãs da signatária, brasileiro naturalizado - e que por isso não se sente de modo algum presa ao país de onde veio, nem sequer por ouvir relatos sobre ele. Que deseja casar-se com brasileiro e ter filhos brasileiros. Que, se fosse obrigada a voltar à Rússia, lá se sentiria irremediavelmente estrangeira, sem amigos, sem profissão, sem esperanças. 
        Senhor Presidente. Não pretendo afirmar que tenho prestado grandes serviços à Nação - requisito que poderia alegar  para ter direito de pedir à V. Ex.ª a dispensa de um ano de prazo, necessário a minha naturalização. Sou jovem e, salvo em ato de heroísmo, não poderia ter servido ao Brasil senão fragilmente. Demonstrei minha ligação com esta terra e meu desejo de servi-la, cooperando com o DIP, por meio de reportagens e artigos, distribuídos aos jornais do Rio e dos estados, na divulgação e propaganda do governo de V. Ex.ª. E, de um modo geral, trabalhando na imprensa diária, o grande elemento de aproximação entre governo e povo.
     Como jornalista, tomei parte em comemorações das grandes datas nacionais, participei da inauguração de inúmeras obras iniciadas por V. Ex.ª, e estive a mesmo ao lado de V. Ex.ª mais de uma vez, sendo que a última em 1º de maio de 1941, Dia do Trabalho. 
        Se trago a V. Ex.ª o resumo dos meus trabalhos jornalísticos não é para pedir-lhe, como recompensa, o direito de ser brasileira. Prestei esses serviços espontânea e naturalmente, e nem poderia deixar de executá-los. Se neles falo é para atestar que já sou brasileira. 
    Posso apresentar provas materiais de tudo que afirmo. Infelizmente, o que não posso provar materialmente - e que, no entanto, é o que mais importa - é que tudo que fiz tinha como núcleo minha real união com o país e que não possuo, nem elegeria, outra pátria senão o Brasil. 
        Senhor Presidente. Tomo a liberdade de solicitar de V. Ex.ª a dispensa do prazo de um ano, que se deve seguir ao processo que atualmente transita pelo Ministério da Justiça, com todos os requisitos satisfeitos. Poderei trabalhar, formar-me, fazer os indispensáveis projetos para o futuro, com segurança e estabilidade. A assinatura de V. Ex.ª tornará de direito uma situação de fato. Creia-me, Senhor Presidente, ela alargará minha vida. E um dia saberei provar que não a usei inutilmente. 

Clarice Lispector

sábado, 3 de março de 2012

Independentes... Será?


"A independência não é somente política. É, acima de tudo, independência mental e moral". Tais palavras foram proferidas pelo poeta Oswald de Andrad há 90 anos, (na Semana de Arte Moderna de 22), e cá entre nós, continuam extremamente atual.  Na época, o objetivo do grupo de escritores e pintores era defender uma arte nova, que incluía poesia e música, e atacava o conservadorismo e o academicismo da arte tradicional brasileira. O espírito renovador, presente nos "jovens" artistas chamava atenção para o futuro, e se inspirava nas vanguardas artísticas vigentes na Europa. O Brasil buscava um renovo, uma transformação que deveria metamorfosear âmbitos morais, mentais e comportamentais; e valorizar a identidade nacional. Será que, após 90 anos, conseguimos alcançar esses ideais?

Somos verdadeiramente capazes de valorizar e apreciar a cultura brasileira? É triste admitir, mas eu acredito que não. Penso que a maioria dos cidadãos desconhecem a produção nacional de qualidade, seja ela: musical, literária, artística ou arquitetônica. Mas por quê? A razão é bem simples: para os brasileiros o que é importado é sempre melhor, e o nacional acaba não tendo valor. Quanto desperdício! Quantos valores equivocados, quantas mentes dependentes! O movimento de valorização da nossa cultura, iniciado no começo do século XX, ainda segue por um caminho árduo. Mesmo após a Tropicália, o cinema novo, os novos baianos, etc., os brasileiros não aprenderam o que é bom. Gente!! Acorda!!
Já passou da hora de voltarmos nossos olhares para o que é nosso! Para mim, não há nenhum país mais alegre e vivo que o Brasil, e isso se reflete nas artes, na cultura e em nós: o seu povo!

quinta-feira, 1 de março de 2012

O mundo é um moinho





















Todos sabemos que o Brasil já teve muitos talentos não valorizados em vida. Um deles, foi o grande mestre do samba Angenor de Oliveira, o Cartola. Fundador da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, o maior sambista da história da música brasileira, não teve nenhum reconhecimento em vida. Quando eu digo "reconhecimento" eu quero dizer retorno financeiro, pois, o sambista chegou a trabalhar como lavador de carros de moradores de um edifício em Ipanema. Somente no ano de 1978, quase aos 70 anos, ele conseguiu seu maior sucesso em vida: uma residência própria em Jacarepaguá.

Três dias antes de morrer, recebeu uma importante homenagem em vida do poeta Carlos Drummond de Andrade, que dizia: 

"A delicadeza visceral de Angenor de Oliveira é patente quer na composição, quer na execução. (...) Trata-se de um distinto senhor emoldurado pelo Morro da Mangueira. A imagem do Malandro não coincide com a sua. A dura experiência de viver como pedreiro, tipógrafo e lavador de carros, desconhecido e trazendo consigo o dom musical, a centelha, não o afetou, não fez dele um homem ácido e revoltado. A fama chegou até a sua porta sem ser procurada. O discreto Cartola recebeu-a com cortesia. (...) 

Alguns, como Cartola, são trigo de qualidade especial. Servem de alimento constante. A gente fica sentindo e pensamenteando sempre o gosto dessa comida. O nobre, o simples, não direi o divino, mas humano Cartola, que se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada. 


O som calou-se, e "fui à vida", como ele gosta de dizer, isto é, à obrigação daquele dia. Mas levava uma companhia, uma amizade de espírito, o jeito de Cartola botar lirismo a sua vida, os seus amores, o seu sentimento do mundo, esse moinho, e da poesia, essa iluminação." 

Me parece muito pertinente a afirmação do poeta de que Cartola é um trigo de qualidade especial, que alimenta constantemente.
Na minha opinião, esse é o grande valor de Cartola, que mesmo após décadas, continua a nos tocar e nos alimentar com suas belíssimas canções. Graças a Deus que condição financeira não tem haver com capacidade de criação artística, senão Angenor de Oliveira jamais poderia nos iluminar com sua poesia.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Perdas e danos


Seres transformados, ou seres transformadores? O que somos realmente?
Na minha opinião somos seres metamórficos, transformados pelas situações e pelos estímulos exteriores. Mas, também somos transformadores. Podemos nos reinventar e transformar aquilo que somos e pensamos.  Não há limites para a metamorfose humana. Ela acontece todos os dias, todos os segundos, todos os momentos. A cada despertar, temos a chance de metamorfosear. Seja para o bem, seja para o mau.

Nossas escolhas estarão refletidas no mais íntimo do nosso interior, e nos levarão a um caminho sem volta. A melhor saída é sorrir sempre e escolher com consciência. Escolher o que ver, escolher o que falar, escolher o que pensar. A impressão que tenho é que, atualmente, as pessoas escolhem qualquer coisa. Sem exigência alguma, sem o mínimo de critério. E o pior de tudo, não pensam sobre isso. Vivem a vida de forma mecânica, se deixam levar pela maré, e não sabem onde vão chegar.

Para mim a liberdade não tem preço. Mas, ela sempre deve estar sempre acompanhada da boa consciência. Fazer aquilo que acreditamos estar correto é o que nos transforma para o bem, para a vida e para o amor. É o que nos prepara para recebermos aquilo que desejamos, aquilo que sonhamos. Portanto, vamos metamorfosear para a alegria, para a gentileza, para o companheirismo.

Pensar em nossas escolhas é o melhor remédio para evitar perdas e danos posteriores. Devemos lembrar que os danos da alma, são muitas vezes irreparáveis. E que as nossas decisões sempre afetarão aqueles que nos amam e que convivem conosco. Portanto, não seja tolo de pensar que qualquer coisa está bom e que você será sempre o mesmo. 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Era da Informação

























Essa obra do espanhol Salvador Dalí é capaz de ilustrar com perfeição os tempos atuais. Quando observo esta imagem, eu me sinto como essa loira, atada pelas amarras da comunicação. Te convido a pensar: quantas vezes por dia você mexe no seu celular? Você fica um dia sem acessar a internet? 

Historicamente, a Era da Informação (época que vivemos atualmente),  surgiu a partir das transformações ocorridas  na Era Industrial. A queda dos operários (classe trabalhista) foi a grande mudança, que mais caracterizou a transição entre uma época e outra. Pode-se entender que a mudança do trabalho produziu as maiores modificações na sociedade, pois, o trabalho que exercemos hoje em dia se parece muito pouco com a forma mecânica de trabalhar da Era Industrial. Na atualidade, o setor predominante não é mais a industria e sim, o de serviços. 

Observe como o comércio em geral, (especialmente por internet), e as comunicações (exemplo: Youtube, twitter, Facebook, iphone, etc.) são extramente dinâmicas. Não se pode negar que estamos em outra Era. Antigamente, o acúmulo de patrimônio material era o mais importante, hoje o que vale é acumular informação. Mas agora eu pergunto: Que tipo de informação estamos acumulando? Porque cá entre nós, o que vejo por aí é um culto à imagem e não às idéias. Gente, vamos acordar! Já evoluímos! Agora devemos nos valorizar como um todo, (e não apenas pelos atributos físicos), o conhecimento e o intelecto também devem contar. 

Saber conversar, ser agradável e inteligente, conta muito mais que a beleza física. Vamos aproveitar a grande disponibilidade de material, (livros, filmes, músicas, artes, peças de teatro, etc.),  para construirmos uma bagagem mais interessante. Sejamos mais seletivos. Acredito que a saída para esse mundo tão caótico é filtrar aquilo que vemos e ouvimos. Meu lema é: não seguir a moda, e sim fazer a minha própria. Não engula o lixo que é jogado por aí. Seja crítico e filtre as informações que você vai adquirir. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Barcelona por Antoni Gaudí - Parc Güell


"Toda obra de arte deve ser sedutora e si por ser demasiado original se perde a qualidade da sedução, já não é obra de arte".


Parc Güell


Gaudí o concebeu com um sentido religioso e ao mesmo tempo orgânico e urbanístico. Aproveitou o desnível de 60 metros da montanha para projetar um caminho de elevação espiritual. Portanto, ao visitá-lo aproveite para meditar e relaxar. 




Minhas dicas são:

Horário de abertura: 10 (dez). Por isso, se programe para chegar pela manhã. Principalmente no verão (de junho à setembro), o parque está sempre cheio. No inverno, eles fecham bem cedo. Os horários são:  De Nov a fev - 18 h. Nos meses de Març e Out - 19 h. Abril e Set. - 20 h. E no período de Maio a Agosto - 21 h. 

Como chegar: Estação de metro Lesseps - linha 03 verde. Ao sair da estação caminhe duas quadras (no mesmo sentido dos carros) na Av. Travessera de Dalt (a rua mais movimentada), para pegar o ônibus número 24  (veja o mapinha abaixo). Eu aconselho pegar o ônibus porque ele para na lateral do parque. E por essa entrada você não precisa subir tanto para chegar ao pico, que tem uma vista belíssima da cidade. A parada de descida se chama: Ctra del Carmel - Parc Güell. É só ficar atento ao painel e observar o nome Parc Güell. Sem erro. 

Vestuário: Se estiver no verão vá protegido com filtro solar, chapéu e óculos. No inverno é frio e venta muito. Vá com casaco, luva, cachecol e gorro. Se sentir calor, coloque na mochila. Melhor do que passar frio, né?

O que levar: Água, frutas, barra de cereal, lanche, etc. Prepare uma mochila com uma canga (pano), para você descansar sob a sombra de alguma árvore. Aproveite para desfrutar e estar em contato com a natureza. Ela te dará muita energia positiva.


Trajeto: O parque é bem extenso. Logo que você entrar, siga diretamente para o topo. Tire bastante fotos porque é um visual imperdível. Não deixe de ver a Casa Museu Gaudí (essa rosa do lado esquerdo). Entre se você quiser pois, tem que pagar.

Caminhe bastante e explore bem o parque. Quando descer para ir embora, não deixe de passar pelo terraço (aquele com os bancos de mosaico da foto anterior). Atente-se para o espaço sob as colunas, é muito especial. Por fim, estará a entrada tão conhecida com o lagarto de mosaico. 

Para ir embora: Desçam a pé até a Av. Travessera de Dalt e caminhem para a praça Lesseps. Se você quiser levar alguns souvenires de Barcelona compre-os por aí. É mais barato que nos outros pontos turísticos da cidade. Tem muita coisinha legal pra você recordar essa cidade incrível.  

"A originalidade consiste no retorno à origem, assim pois, original é aquilo que retorna à simplicidade das primeiras soluções".


"O arquiteto do futuro se baseará na imitação da natureza, porque essa é a forma mais racional, duradoura e econômica de todos os métodos".


Citações de Antoni Gaudí. 



   MAPA:

Gostaram? Vou fazer uma séria de posts com as obras do arquiteto Antoni Gaudí. Aguardem!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Querer é poder?

























Dizem por aí que querer é poder! Eu discordo. Para mim, planejar é poder. Querer todo mundo quer. Uma casa, um carro, um trabalho, um amor. Nesse mercado tão competitivo nos vemos perdidos, sem saber por onde começar. Que tal começar planejando? Planejamento é uma ferramenta administrativa que pode ser aplicada em qualquer área da nossa vida pois, é o lado racional da ação. 

O primeiro ponto é ter um objetivo bem definido. Claro, se você não sabe o que quer como poderá alcançá-lo? O segundo ponto é perceber a realidade e avaliar os caminhos. Quais são os percursos que você poderia traçar? O terceiro passo é construir um referencial futuro. Seja bem detalhista, imagine-se como se você já estivesse com o "sonho" realizado, (seja bem minucioso ao antecipar o resultado). Lembre-se que o planejamento é um processo cíclico e prático. Isso garante sua continuidade, que deve ser alimentada por situações, propostas, resultados e soluções. Seja dinâmico, estude diversos caminhos, tome as decisões que você acreditar serem corretas e seja honesto com sigo mesmo. 

Gente, a única coisa que cai do céu é chuva, fruta madura e cocô de passarinho. Por isso é necessário planejar, correr atrás e dar a cara pra bater. Deixe a preguiça e a insegurança de lado e pense: se alguém já conseguiu, eu também posso! Se inspire nos modelos que deram certo, e tome os que deram errado como lição para você não fazer o mesmo. Não há nada novo embaixo do sol. Com certeza aquilo que você quer muitas pessoas já conquistaram. 

Para finalizar, vou dar um exemplo prático. Quando decidi fazer o mestrado fora do Brasil, tive que planejar de forma minuciosa todos os passos, para poder alcançar o objetivo. Primeiro, eu tive que decidir para qual país eu gostaria de ir, (no caso escolhi a Espanha). Surgiu um problema, eu não falava nada de espanhol. Solução: estudar espanhol. Em 1 ano e 6 meses eu já falava fluente, mas claro, tive que me dedicar muito. Fiz aulas particulares, assistia filmes, assistia à televisão espanhola, escutava músicas, praticava com o cachorro, ou seja, me dedicava. 

A segunda decisão foi escolher a cidade e a universidade em que eu gostaria de estudar. Para isso, eu entrei em contato com vários arquitetos que já tinham feito o mestrado aqui em Barcelona e que poderiam me ajudar na escolha da universidade. Escolhido a universidade, (no meu caso a UPC), eu tinha que ver quais seriam os passos para tentar a vaga. Nessa etapa eu tive que tomar outra decisão muito importante: o que eu queria investigar no mestrado e qual seria a área de concentração do meu tema. 

Ao descobrir as datas do processo seletivo e os requisitos básicos para entrar, eu iniciei outra fase do meu planejamento: ser aceita na universidade. Lutei com todas as minhas forças para que isso acontece: fiz uma boa carta de apresentação, aprendi espanhol e preparei o currículo e os outros documentos necessários com capricho. Quando eu recebi a resposta de que havia sido aceita, surgiu um outro problema: o visto. Eu tive praticamente um mês para reunir todos os documentos (traduzidos e autenticados) e me apresentar no consulado. Confesso que essa etapa foi a mais trabalhosa e burocrática, sem contar que custou caro. Tive que ir várias vezes à São Paulo, mandar documentação para Brasília, fazer seguro de saúde, etc.

Mas, como era o que eu queria, eu me empenhei. Esqueci de falar que quando eu decidi a cidade eu já comecei a buscar um lugar para morar, (repare que eu ainda nem havia tentado a vaga). No total, foram quase 1 ano e 8 meses de planejamento. E o resultado, sabe qual foi? Hoje, aos 24 anos, sou mestra em arquitetura. Acho que só eu sei quantos caminhos tive que trilhar, e quantos obstáculos surgiram em meio à trajetória. Mas eu não desisti, lutei pelo meu sonho e consegui alcançá-lo. Não foi fácil, mas também, não foi impossível!  Viram como é importante planejar?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Poesia - Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.                      Cada momento mudei. 
Continuamente me estranho. 
Nunca me vi nem acabei. 
De tanto ser, só tenho alma. 
Quem tem alma não tem calma. 
Quem vê é só o que vê, 
Quem sente não é quem é, 
Atento ao que sou e vejo, 
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo 
É do que nasce e não meu. 
Sou minha própria paisagem; 
Assisto à minha passagem
Diverso, móbil e só, 
Não sei sentir-me onde estou. 
Por isso, alheio, vou lendo 
Como páginas, meu ser. 
O que sogue não prevendo, 
O que passou a esquecer. 
Noto à margem do que li 
O que julguei que senti. 
Releio e digo : "Fui eu ?" 
Deus sabe, porque o escreveu.


(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Poder por James Douglas Morrison.

Posso fazer com que a terra se detenha em seu curso.
Fiz as coisas mais remotas, posso mudar o curso da natureza.
Posso colocar-me em qualquer lugar no espaço ou tempo.
Posso invocar os mortos.
Posso perceber acontecimentos de outros mundos.
No mais profundo interior de minha mente,
e na mente de outros,


Eu posso.


Eu sou.


Jim Morrison foi e ainda é um grande propagador de idéias. Não estou aqui para dizer se suas ideias são "boas" ou "ruins", afinal não cabe a mim e nem a nenhum outro ser humano julgá-lo. Mas, uma coisa é certa: o artista gostava de provocar e desafiar as massas com idéias contrárias à ordem estabelecida. E é exatamente isso que me fascina nele. Jim encorajava as pessoas a quebrarem as grades da prisão que cada um constrói para si. Se pensarmos que: não podemos controlar nada mais além de nosso próprio eu, entendemos que essas grades são estabelecidas por nossos medos mais profundos. Medo de tentar e fracassar. Medo de desejar e não poder ter. Medo de viver e medo de morrer. 

As metamorfoses do rei lagarto incitavam à busca da liberdade. Não uma liberdade qualquer, mas, uma liberdade que concede poder. "Posso colocar-me em qualquer lugar no tempo ou espaço, posso fazer com que a Terra se detenha em seu curso, posso perceber acontecimentos de outros mundos". Para alguns ele foi profeta, para outros semi-deus, para muitos rebelde e beberrão, mas, para mim ele foi um poeta. E não um poetinha qualquer, ele era poeta de primeira categoria. Que entendia o amor, a liberdade, a vida e a morte. Além de complexo ele foi enérgico e corajoso, pois, ao compreender que a estrada do excesso o levaria ao palácio da sabedoria, ele não exitou em exceder e resolveu pagar o preço. 

Na minha opinião, aí está o seu valor. Jim não teve medo de ser livre e pagar por isso: com dignidade, com poesia e com sua própria vida. Afinal, ele mesmo disse: Eu posso. Eu sou. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Você é você, ou é Maria vai com as outras?





























Por que tememos tanto a solidão? Por qual razão nos sentimos tão pequenos quando estamos sós? Seguramente todos já passamos por alguma situação em que precisávamos, desesperadamente, de um amigo:  em alguma viagem, no aeroporto, no primeiro dia de aula, no cursinho da auto-escola, na fila do banco, em uma festa que você não conhecia ninguém, e por aí vai. 

A verdade é que não suportamos a solidão por muito tempo. Mas por quê? A resposta é simples: necessitamos dividir. Se não dividirmos com alguém, simplesmente não tem graça. Como seres sociáveis, nascemos para socializar, já que é no convívio com outros seres humanos que assimilamos e desenvolvemos nossas habilidades. Viver em sociedade nos permite adquirir e construir: idéias, valores e sentimentos. 

Mas até que ponto a era da globalização nos permite estipular idéias e pensamentos próprios? Qual é o grau de influência que você tem recebido da internet, e da mídia em geral? Você é você, ou é Maria vai com as outras?

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite". (Clarice Lispector)

Assim como Clarice, não tenha medo de estar só, tire dela (da solidão) a sua força para criar e ser o que você quiser. Seja o sol do meio dia, ou seja o escuro da noite, o importante é ser. Ser... e correr o risco.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Picnic no Père-Lachaise - Paris
























"Picnic no cemitério? Acho que não, é macabro, que medo... Que idéia, nada haver!" Pois eu digo SIM! Se for a Paris não deixe de fazer esse programa, é o máximo. O cimetière du Père-Lachaise além de estar cheio de personalidades relacionadas às artes, à arquitetura, à musica e à literatura, é muito bonito e fascinante. Uma estranha sensação de paz, um silêncio e muita memória. Memória da vida, memória da morte. Tranquilidade e harmonia que nos convidam a uma viagem introspectiva, a um recolhimento do ser. E por que não aproveitar o ambiente para um picnic?! Minha dica é: prepare sua visita com antecedência. 
  • Leve uma mochila com frutas, lanches, suco, água, etc. 
  • Prepare a máquina fotográfica para clicar os famosos. 
  • Vista um calçado confortável (tênis de preferência), pois, as ruas são bem ingrimes.
  • Use roupas confortáveis adequadas a estação vigente.   
  • Pegue um mapa ao chegar no local, (estação de metro Père-Lachaise). 
Quando eu estive lá, não consegui olhar todos os túmulos que eu gostaria, por isso, eu resolvi fazer um mapinha (clica nele que aumenta) pra vocês com os mortos mais interessantes! As bolinhas amarelas são os meus escolhidos:





Legenda:
  • 7 - Maria CALLAS (1923-1977) cantora. Div 87
  • 11 - Frédéric CHOPIN (1810-1849) compositor e pianista.  Div 11
  • 27 - Georges MÉLIÈS (1861-1938) cineasta.  Div 64
  • 30 - Jim MORRISON (1943-1971) cantor, compositor e poeta.  Div 6
  • 35 - Edith PIAF (1915-1963) cantora.  Div 97
  • 58 - Honoré DAUMIER (1808-1879) pintor e escultor.  Div 24
  • 59 - Jacques-louis DAVID (1748-1825) pintor.  Div 56
  • 61 - Eugène DELACROIX (1798-1863) pintor.  Div 49
  • 64 - Paul DUBOIS (1829-1905) pintor e escultor.  Div 6
  • 72 - Georges GUET (1866-1936) arquiteto.  Div 19
  • 78 - Amadeo MODIGLIANI (1884-1920) pintor.  Div 96
  • 80 - Camille PISSARO (1830-1903) pintora.  Div 7
  • 82 - Georges SEURAT (1859-1891) pintor.  Div 66































Gostaram da idéia? Dá uma espiadinha no Jim Morrison aí em cima!! E imaginem quantas outras "celebritys do além" vocês poderão olhar. Se gostou, deixe um comentário e tenha um ótimo domingo!

Visita ao Centre Georges Pompidou


Hoje eu vou falar um pouco sobre o Centre Georges Pompidou que está localizado na cidade de Paris. De arquitetura arrojada, este centro cultural parisiense se destaca por abrigar multifunções: museu, biblioteca, salas de vídeo, de leitura, teatro, lojas, restaurante, cafeteria. Além de realizar diversas atividades educativas, o Pompidou tem um restaurante super famoso e bem conceituado: o Georges. É imperdível! O estilo high-tech lembra os edifícios industriais, com tubulações aparentes e estrutura metálica. Sua inauguração se deu em 1977, no panorama da arquitetura é considerado como um dos marcos da pós-modernidade. Os arquitetos responsáveis foram: Renzo Piano e Richard Rogers . A primeira grande coleção de arte moderna e contemporânea da Europa está abrigada no Pompidou. A escada rolante que está na fachada do edifício propicia uma vista incrível da cidade, que é ainda mais linda se vista do alto. 


  • Entrada: assim como em todos os outros museus da cidade, compre o seu ticket com antecedência para evitar filas. O link com ingressos online é o: http://www.ticketnet.fr/thematique/genre/MS. O valor do ingresso com as exposições temporárias é de 14,50 euros, e a tarifa reduzida é de 11,50.
  • Horário: Se você foi experto e comprou seu ingresso pena internet fique atento ao horário. Diferente do Louvre, as visitas ao Pompidou são com hora marcada, portanto não vacile, ok? 
  • Guarda-volumes: Sempre deixe seus pertences guardados e pegue um mapa. O museu é grande e para não ter que carregar peso extra e se cansar, deixe sua mochila/bolsa na chapeleria que está no andar térreo - é grátis.  
  • Exposições temporais: Vá direto às exposições temporais que se localizam no último andar do edifício  (6º andar). Aproveite e tire bastante foto, pois, a vista da terraza é maravilhosa. Se você estiver afim de gastar uns bons euros dê uma passada no restaurante Georges, (dizem que é ótimo e caro), eu não o conheço. 
  • Faça o itinerário de cima para baixo: Acredito que a parte mais importante do acervo permanente do museu está localizada no 5º andar, por isso, comece pelas exposições temporais (6º andar) e sempre siga para o andar inferior. 
  • A coleção de pinturas e esculturas do Pompidou é realmente impressionante. Tem obras Fauvistas, Cubistas, Futuristas, Expressionistas, Surrealistas, Dadaístas, o que para os amantes da arte abstrata é um prato cheio! Eu apreciei muito visitá-lo, o acervo é amplo e recheado de muita coisa interessante. Há obras de Dali, Picasso, Le Corbusier, Kandisnky, Braque, Matisse, Miró, Duchamp, Calder, Pollock, entre outras feras - super recomendo! 
  • Atelie Brancusi: Constantin Brancusi foi um artista Romeno que chegou a Paris nos anos de 1904, depois de haver estudado na Bucharest School of Fine Arts. É considerado como um dos maiores artistas da história da escultura moderna. O seu local de trabalho foi reconstruído no centro Pompidou em 1997 e possui 137 esculturas, 87 pedestais, 41 esboços, pinturas e fotos originais - não percam, ao menos uma espiadinha.  
  • Visite todas as exposições temporais: não esqueça que no primeiro andar também há exposições itinerantes que valem a pena serem visitadas (mesmo se vc já estiver cansado).
  • A última dica é: visite o site do Pompidou www.centrepompidou.fr e aproveite!



PS: Não deixem de dar uma volta pelos arredores do Centre Pompidou. Essa praça super interessante está ao lado do edifício, e sempre tem apresentações musicais e coisas legais para serem vistas. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

41º graus de puro desfrute! parte 2

Espinacas a Catalana

Esse é um prato criado com inspirações na cultura Catalana. Como podemos ver a apresentação é bem simples, as folhas de espinafre parecem estar refogadas e temperadas com uma mescla de pinones, que sugere um sabor agridoce graças ao vinagre de Jerez. Eu como vegetariana frustada adorei a proposta.




Ostra con salsa de miso e lichi


Que explosão de sabores!! São diversos ingredientes que juntos revelam um sabor bem peculiar. A ostra é gratinada com miso, e acompanhada de uma guarnição com diversos ingredientes: folha de mostarda, lichia, rabanete e uma espuma com toques de wasabi. Vocês nem imaginam que exótico e que gostoso! 



Viaje a Mexico


Criado com ingredientes que evocam a cultura mexicana, esse prato ficou muito bonito pelas diferentes cores. A esfera amarela de milho era a mesma técnica utilizado nas olivas líquidas, e tinha um gostão de pamonha. Em cima vinha um grão de milho frito com um brotinho de coentro. 

Achei mais apresentável que gostoso. Acredito que eles poderiam ter explorado algum sabor picante, que tanto nos remete a cultura mexicana. A mistura do verde da base do limão com a "gema" amarela por cima estava bem bonito. 



Viaje a Thailandia

Similar à proposta dos pratos anteriores, esse prato nos levou à Thailandia! Depositados em cima de um disco gelado de mousse de coco, estavam vários sabores típicos: cítricos e picantes, como o gengibre, o coentro, e o limão. Imaginem a combinação do coco com as outras coisas? Estava delicioso e muito bem apresentado. 


Costilla de Conejo

Olha que interessante essa proposta: decoração simples, porém, muito original. A costelinha do coelho vem em uma caminha de alho-poró com alecrim, e de acompanhamento um caramelo de beterraba que simula o sangue do coelho. Apesar de bem bonita, achei meio macabra essa proposta de representar o sangue. 

Era muito gostoso, o coelho estava bem saboroso e passava fácil por um franguinho assado. 



Shot de caviar Beluga con berenjena y vodka de avellana

A base desse prato era um pate de berinjela mesclado com dois tipos de caviar. Um era o famoso Caviar de Esturjão, e o outro era um falso caviar de azeite e avela. Eu nunca tinha comido caviar e achei bem gostosa a combinação.

Para quebrar a oleosidade do prato estava acompanhada uma vódica de avela. Adorei, muito diferente!


Viaje nordico

Que loucura! Esse foi um dos pratos mais diferentes da noite. Pra começar a apresentação: com uma falsa neve de vinagre. A base era feita com um pãozinho super crocante e saboroso, coberto de um carpaccio de carne de boi. 

Os anéis e pétalas de cebola tinham gostos bem diferentes, e pareciam haver sido tiradas da conserva. Observem a elaboração que máximo, muito caprichada e meticulosa. 

Canape de pollo

O canapé, todo de frango, possui uma base bem crocante feita com a pelinha bem seca. No meio, uns rolinhos de carne de frango bem fina cobertos com uma gelatina de frango. 

Parecia que eu estava comendo um frango assado de verdade, claro, muito mais bonito, apresentável e saboroso.  




Cereza Carmin
Simplesmente fantástico! O garçom chega à mesa com uma bandeja que contem os ingredientes desse prato: uma bolsinha com as cerejas marinadas com espécies: casca de laranja, cardamomo e alecrim, tudo isso à vaco. O líquido foi utilizado para elaboração de um drink muito bom, e as cerejas e as espécies delicadamente organizadas sobre uma caminha de gelo. Combinação afrodisíaca. 

Profiteroles de Grosella negra con yougurt y atsina


Perfeição! Em volta, um suspiro de grosella negra recheado com um yogurt delicioso.

Era muito bom, o crocante do suspiro com a suavidade e ligeireza do yougurt. Sem contar que a apresentação era linda! As cores, a louça, tudo pensado para te surpreender... 

Confesso que me apaixonei pelo local! Tudo era excelente, o ambiente, o atendimento e claro, os pratos. Uma experiência inigualável, uma explosão de milhares de sabores e sensações.  O diferencial estava nas técnicas utilizadas e nos diversos ingredientes que se combinavam de forma surpreendente, pura magia!